VIAGENS NA MINHA TERRA


"Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é quase tão frio como S. Petersburgo - entende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, donde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até o quintal." in
Garrett, Almeida - Viagens na minha terra. Porto: Figueirinhas, 1973

domingo, setembro 20, 2015

Dia Internacional da Paz

O Dia Internacional da Paz, declarado por Kofi Annan, em 1981, como um dia de trégua e
de cessar- fogo, comemora-se, desde então, a 21 de setembro.
 
Assiste-se, atualmente, ao proliferar de conflitos armados e tensões em várias partes do
globo, como é o caso da Ucrânia, cuja crise já desalojou 260 mil pessoas e onde o número
de mortos chega a três mil; da Síria, que provocou já a morte a mais de 100 mil pessoas, do
Iraque, da Faixa de Gaza, do Mali, do Sudão, entre outras.
 Verifica-se um denominador comum a toda esta violência: o desprezo pela vida humana!
 A paz é um bem precioso. É preciso não só criá-la, mas também lutar por ela no nosso dia
a dia com  pequenos gestos e atitudes: ser tolerantes, respeitar o outro com as suas
qualidades e defeitos, aceitar a diferença, dialogar para resolver as discordâncias.
Mas a paz não é só ausência de guerra ou de conflitos. Para haver paz é preciso haver
justiça social, liberdade, pois um cidadão ou um povo oprimido não vive em paz.
Que a leitura de dois poemas de duas grandes figuras das nossas letras possa servir de
reflexão e de uma maior consciencialização de todos para a importância da PAZ, um bem
almejado por toda a Humanidade!
 
 
A Coordenadora do Núcleo de Escolas Associadas da UNESCO
 
Ana Alves
 
 
Material elaborado/ selecionado:
 
A Paz sem Vencedor e sem Vencidos
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
 
Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
 
A paz sem vencedor e sem vencidos
 
Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
 
A paz sem vencedor e sem vencidos
 Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dual'
 
Ode à Paz
 
Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exatidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
elas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
                        deixa passar a Vida!
 
Natália Correia, in "Inéditos (1985/1990)"

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